Por Eduardo Luque*

Conforme o mercado de trabalho se transforma, há uma busca constante das empresas por mais eficiência e sustentabilidade nos processos. A ideia é encontrar meios de atender aos requisitos ESG (Environmental, Social and Governance) enquanto também se reduz custos e aumenta-se o faturamento. Ao longo dos anos, os negócios estão realmente descobrindo como fazer isso, priorizando alguns novos métodos de gestão e metodologias organizacionais.

Esse é o caso do BPO, ou Business Process Outsourcing:  a terceirização de processos internos de uma empresa realizada por outra especializada e focada no ofício em questão. Em alguns setores empresariais, é algo que já acontece com frequência faz tempo, como na logística, com a contratação de transportadoras. Em outros, a demanda está começando a crescer cada vez mais — como vem ocorrendo com as áreas de apoio como a  contabilidade, apuração tributária, folha de pagamentos, financeiro e tesouraria, TI e outras. .

O  BPO é uma prática estratégica que pode proporcionar benefícios financeiros e operacionais, inclusive desempenhando um papel fundamental na promoção da sustentabilidade empresarial. Esse modelo tem se destacado porque pode contribuir para a otimização de processos, a redução de custos e desperdícios e a melhoria na gestão de recursos financeiros e ambientais. Tudo isso aumenta consideravelmente o equilíbrio da empresa e sua capacidade de crescimento sustentável.

A abordagem difere do modelo  tradicional no sentido de não ser contratado um contador ou um time que vai trabalhar internamente, mas sim especialistas de uma outra empresa. O atendimento é recorrente, pois se trata de uma atuação cotidiana, na qual os profissionais envolvidos estão inteiramente conectados com todos os processos contábeis do cliente.

Algumas pessoas temem que a terceirização signifique o afastamento do contador ou demais especialistas da realidade da empresa, mas isso não necessariamente acontece na prática. Quando a parceria é bem estabelecida, o profissional tem todas as informações de que precisa para trabalhar como se fosse contratado tradicionalmente. Junto a isso, ele muitas vezes possui experiência e conhecimento a mais por conta do trabalho com diferentes clientes, dando maior visão e perspectivas inovadoras ao serviço, o que é especialmente valioso quando se trata de buscar práticas sustentáveis.

Na gestão ambiental, há algumas vantagens importantes  Primeiro, o BPO não apenas reduz os custos operacionais, mas também minimiza o consumo de recursos, como espaço físico em escritórios e todos os aspectos relacionados a isso, como equipamentos, deslocamento de pessoas, papel e energia elétrica, necessários para a execução dos processos internamente. Além disso, há ações relevantes que reforçam a sustentabilidade nesse setor, como a digitalização de documentos e a geração de relatórios de impacto ambiental — práticas com uma tendência crescente  entre os  BPOs l. A expertise em questões regulatórias ambientais e emissões de carbono também permite que as empresas atendam aos requisitos legais e adotem medidas proativas para minimizar seu impacto ambiental.

Estrategicamente, há outros benefícios na gestão de recursos financeiros. Boas assessorias  trabalham com ferramentas tecnológicas de ponta e com conhecimento especializado para identificar áreas de desperdício financeiro e desenvolver estratégias para a redução dessas despesas desnecessárias. Essa análise aprofundada pode resultar em economia significativa de recursos, o que, por sua vez, permite que as empresas invistam em outras frentes, incluindo iniciativas de sustentabilidade e responsabilidade social corporativa.

Com todas essas vantagens, é possível que o  BPO ocupe um papel cada vez maior no mercado, auxiliando empresas de todos os tipos a crescerem de maneira sustentável. Ao otimizar processos, reduzir desperdícios e melhorar a gestão de recursos, as empresas que optam por essa abordagem podem avançar em direção a um futuro mais verde, promovendo uma cultura de responsabilidade corporativa e tendo mais capacidade de investir em outras áreas do negócio.

*Vice-presidente e diretor financeiro da Associação Brasileira de Provedores de Serviço de Apoio Administrativo (Abrapsa), auditor e presidente dos conselhos fiscais da Natura, Qualicorp e Fundação Ambev.