Especialista explica aspectos-chave e desafios contábeis próprios da área de M&As e como eles são usados para definir o valor das transações
São Paulo, agosto de 2023 — Em um mercado global cada vez mais competitivo, as fusões e aquisições (M&As) têm se tornado uma estratégia comum para as empresas que buscam expandir seus negócios, adquirir novas tecnologias e fortalecer sua posição no mercado, tanto nacional quanto internacional. No entanto, essas transações complexas envolvem uma série de circunstâncias que envolvem , entre outros setores, a contabilidade das companhias envolvidas.
Apesar dos primeiros meses de 2023 terem apresentado redução no volume financeiro das fusões e aquisições (73% a menos em relação ao mesmo período do ano passado, segundo a consultoria Dealogic), com um montante de US$ 6,1 bilhões até maio, a área deve viver uma retomada a partir de agora. Segundo um levantamento feito pela consultoria empresarial Maitreya, mais da metade dos entrevistados acredita que a segunda metade de 2023 deve registrar mais processos de fusões e aquisições. De acordo com a pesquisa, 60% dos entrevistados citaram a aceleração do crescimento como fator principal para acreditarem nesta retomada.
Diante a este cenário, um dos pontos muito observados no processo de auditoria que envolve a compra, venda e processos de fusões de empresas é a contabilidade.“O setor contábil pode influenciar muito nas decisões que levam a um M&A”, Além de garantir a segurança dos envolvidos na transação, pode ser visto como um ativo estratégico para negociar as melhores condições”, afirma Eduardo Luque, vice-presidente da Associação Brasileira de Provedores de Serviço de Apoio Administrativo (Abrapsa).
Segundo o especialista, existem três pontos principais nos quais a contabilidade atinge diretamente: na avaliação da empresa, na avaliação de ativos e na consolidação de demonstrações financeiras.
Durante as fusões e aquisições, é essencial determinar o valor justo da empresa-alvo, mas não é um processo simples. Isso pode envolver a aplicação de diferentes métodos de avaliação, como o do fluxo de caixa descontado e o de múltiplos de mercado, entre outros. “A avaliação correta é crucial para determinar a contraprestação adequada a ser paga pela empresa adquirente e para evitar a super ou subvalorização dos ativos envolvidos na transação”, afirma Luque.
Já a avaliação de ativos segue o mesmo preceito, mas voltado para os recursos que a empresa-alvo possui. O comprador precisa identificar não apenas o valor total da empresa, mas também o peso de cada um de seus ativos, incluindo os tangíveis, como imóveis e equipamentos, e os intangíveis, como marcas registradas e patentes. Essa avaliação é fundamental para determinar o valor justo dos ativos e garantir que eles estejam registrados corretamente no balanço patrimonial.
“A identificação e avaliação dos ativos pode ser um desafio para algumas organizações, especialmente quando se trata dos intangíveis”, explica Luque. “Mesmo antes de qualquer processo de M&A ocorrer, uma contabilidade que tem isso organizado garante que a empresa reconheça seu próprio valor além do que o faturamento diz. É algo bastante importante para iniciar as negociações já com um bom entendimento e argumentação”.
Por fim, outra questão significativa durante fusões e aquisições é a consolidação de demonstrações financeiras. “Quando uma empresa adquire outra e a controla substancialmente, é necessário consolidar as demonstrações financeiras das duas entidades. Isso envolve a combinação de balanços patrimoniais, demonstrações de resultados e fluxos de caixa, de acordo com as diretrizes contábeis adequadas”, diz o especialista. “Esse processo visa fornecer uma imagem precisa e abrangente das operações financeiras da nova entidade resultante da fusão ou aquisição”.
Da perspectiva da empresa compradora, o especialista aponta ainda que empresas com a contabilidade absolutamente redonda têm mais chances de atrair potenciais compradores. “O processo de due diligence inerente à operações de M&A precisa ser severo, de modo a mitigar os riscos do comprador, então aquelas empresas com níveis de governança mais sólidos, o que inclui todas as operações de contabilidade em dia, certamente serão mais atrativas, porque o comprador sabe que não terá problemas futuros”, pontua.
Sobre a Abrapsa
Fundada em 2006, a Associação Brasileira de Provedores de Serviço de Apoio Administrativo (Abrapsa) reúne empresas de destaque no segmento com o interesse comum de promover o Business Process Outsourcing (BPO) no Brasil. O BPO, ou terceirização de processos de negócios, é uma estratégia de adoção de serviços terceirizados em áreas como gestão, tecnologia, contabilidade, folha de pagamento, apuração de impostos, fiscal, entrega de obrigações acessórias, financeiro, entre outras, para aumentar o desempenho empresarial, fomentar a colaboração, reduzir riscos e incrementar a transparência. A entidade sem fins lucrativos reúne as principais empresas de serviços, apoio e gestão para terceiros na execução de processos de negócios de suporte para as áreas administrativa, financeira e de recursos humanos no País.
Mais informações em abrapsa.org.br.
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