O Brasil encerrou o terceiro trimestre de 2021 com cerca de 13,5 milhões de pessoas em situação de desemprego e cerca de 12,6% das pessoas com força de trabalho desocupadas, como apontam dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar do otimismo que muitos setores demonstraram no final do último ano em relação ao crescimento e retorno das atividades em 2022, o mês de janeiro não vem se mostrando positivo como o esperado. Então, o que podemos aguardar do cenário econômico e da busca por empregos nos próximos meses?
Apesar de muitas medidas restritivas terem sido revogadas ainda em 2021 com o avanço da vacinação, a pandemia do Covid-19 não terminou, e estamos vivendo uma nova onda, em que novas variantes estão contagiando pessoas de todas as idades. E a pandemia não é o único fator que impacta a geração de empregos e contratação: nos últimos anos, o brasileiro viu a inflação aumentar e, em resposta, o Banco Central aumentou a taxa de juros, buscando controlar o avanço. Resumidamente, a alta da taxa Selic, taxa básica de juros do País, faz com que a população compre e invista menos, “esfriando” a economia para que os preços voltem a cair. Economia enfraquecida que tem relação direta com a geração de empregos, e ela tende a diminuir. Com menos vagas formais, o número de contratações é menor, e aumenta o número de pessoas desocupadas ou em trabalhos informais.
A cereja do bolo é que 2022 é um ano eleitoral. E o que isso tem a ver? Historicamente, anos de eleição, especialmente presidenciais, tendem a ser anos com menos investimentos e grandes decisões por parte das empresas. Como o cenário político fica, invariavelmente, em alvoroço durante muitos meses, empresários e empreendedores costumam adiar seus planos para após a eleição ou para o início do governo seguinte, o que também reduz a geração de empregos e a contratação de trabalhadores.
Afinal, o que esperar dos próximos meses? Mesmo com as dificuldades, alguns setores seguem encontrando crescimento. No setor financeiro e de tecnologia, vagas sobram para profissionais qualificados. Ainda assim, não é preciso uma mudança brusca de carreira para encontrar espaço no mercado; empresas terceirizam diversos setores, como comunicação, vendas, contabilidade, jurídico, e muitas seguem expandindo e buscando profissionais. É preciso reagir ao cenário complicado com um pouco mais de especialização e, especialmente, saber onde procurar.
De acordo com dados da lista “Empregos em alta em 2022” apurada pelo LinkedIn, é possível tirar insights sobre os caminhos que o trabalho segue e onde achar boas oportunidades, facilitando o processo para quem está investindo em especialização para encontrar um emprego. A grande maioria das vagas é nas áreas de finanças e tecnologia, com outras em recursos humanos, marketing, design e saúde. Muitas empresas também têm valorizado maior tempo de experiência na área, o que pode ser benéfico para quem é mais velho e está procurando se recolocar após um período em casa, cuidando da família na pandemia. Também existe uma procura por competências comportamentais, as soft skills, que são o que realmente diferenciam o funcionário humano do robô automatizado.
Portanto, mesmo com o cenário difícil, ainda existem oportunidades para quem sabe onde procurar. É hora de participar de cursos gratuitos para aumentar as competências comportamentais, de buscar vagas terceirizadas e de mandar currículo para empresas de tecnologia. E, para quem sempre sonhou em mudar de carreira e esperava um sinal, aqui está: o trabalhador de tecnologia vem sendo apontado como o trabalhador do futuro, mas isso é papo do passado. A área de tecnologia é a área do presente, e ela se expande por tantas competências que pode transformar um funcionário de outro setor valioso por toda sua experiência prévia.
* Manoel Valle é presidente da Associação Brasileira de Provedores de Serviço de Apoio Administrativo (Abrapsa)